Filmes sobre homossexualidade estão na moda,
mas será algo bom? Claro, pois, além de disseminar a luta pelo preconceito que
ainda rege em grande parte da sociedade, as respectivas produções também
exploram âmbitos antes não abordados consequente do tradicionalismo intrínseco
aos tempos passados e representa o semblante deste século XXI ainda em imersão,
de aceitações e inclusões. Ok, então Me Chame Pelo Seu Nome é mais um desta
safra (O Segredo de Brokeback Mountain, Azul é a Cor Mais Quente, Moonlight [leia aqui]...)
que se apropria de tal tema de forma exímia a transmitir uma importante
mensagem? Longe disso.
Tendo como uma de suas principais falhas a
presunção, o longa da vez pensa que é uma obra-de-arte e se porta como tal, mas
que, em seu âmago, nada tem a oferecer, insípida em quaisquer propostas que,
com insucesso, venha a tentar introduzir ademais de seu frívolo romance
central. Nitidamente concebido visando o Oscar, o filme usufrui de fatores que
o caracterizam com tal predileção, como um ritmo lento, o utilizar de extensas
sequências contemplativas sem cortes e o optar por secas tomadas de um frame a
outro, um desfecho amargo e uma trilha sonora instrumental. Todavia, na
prática, pouco dos elementos ressaltados possuem eficácia. O ritmo é arrastado,
o longa demora a tomar uma diretriz e a primeira hora trabalha apenas com o
suscitar de ideias que convergem no constante sublinhar de sequências pouco
pertinentes ao enredo. Os segmentos mais estáticos igualmente pouca relevância
têm, sendo em sua maioria entediantes e tendo destaque somente pela fotografia
que acentua as paisagens e ambientações dionisíacas e campestres. Os frequentes
toques de piano, que confeccionam a musicalidade da estória, são incômodos e
maçantes, sendo que a trilha sonora só vem a funcionar quando em cena a
delicada Mystery of Love (Sufjan Stevens) que corrobora com a concepção de ardor
e ternura que a película procura criar. Já a trama, é formulaica, o que
encaminha para um fechamento previsível.
Certo, mas este é um filme sobre o amor, como
este caloroso sentimento ultrapassa os limites da idade e por todos outros
fatores que possam querer frustrá-lo, correto? No máximo, talvez, porém nem
isto Me Chame Pelo Seu Nome consegue. O longa, ao decidir se arriscar por um
plot que já foi contado inúmeras vezes, ao invés de incrementar aspectos
originais em sua trama batida, escolhe o caminho mais fácil e repete o que já
foi incontáveis vezes visto, o conveniente relacionamento que se desenvolve, a
princípio, de maneira estranha, após relutante, conseguinte confuso e
posteriormente se espairece. Entretanto, a película também peca nestes
atributos, o relacionamento tendo início de modo incongruente (estranho, como
frisado) e rendendo passagens de sexo gratuito como indulto para o diretor
provar a inexistência de seu preconceito ao filmar relações sexuais gay. Em
contraparte, o entrecho, mesmo que saturado, é bastante eloquente ao
representar a libido de seus protagonistas.
Agora, individualmente falando, aqui as
expressões dos personagens esclarecem mais que os diálogos, o que poderia ser
melhor aproveitado não fosse a atenção frequentemente voltada a outras
vertentes. Quando o roteiro parece que vai engrenar nos conflitos de Elio e sua
jornada pessoal mediante as autodescobertas, o filme deixa as oportunidades
escaparem. Referente às figuras secundárias, Sr. Perlman (pai de Elio), tem um
expressivo e contagiante monólogo próximo ao fim, ademais é completamente
descartável. Já Annella e Marzia, personagens também de realce, não tem o foco
em si justificados, o que poderia acontecer numa investida do script em
atribuir as mesmas uma postura frente à relação inusitada que as cerca.
Concernente às atuações, Timothée Chalamet
desempenha um papel bem contundente ao personagem, bem maleável incorporando as
emoções de um adolescente que transita entre radiante, confuso, apaixonado e
desolado. Já Armie Hammer, é convincente na maior parte do tempo em sua
performance na pele dum homem mais velho charmoso curtindo a vida.
No mais, vale enfatizar a belíssima construção
da Itália oitentista, seja em suas características ambientações ou em sua
marcante cultura. Contudo, quando o roteiro é fútil, a pouco a se apreciar do
cenário.
Me Chame Pelo Seu Nome é demasiado pretensioso,
vago, estafado, enfadonho e verborrágico, que funciona, de forma ruim, como um
mero e improdutivo relacionamento homossexual.
Matheus J. S.
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Ficha Técnica
(Adoro Cinema):
Data de lançamento (Brasil): 18 de janeiro de 2018 (2h 11min)
Data de lançamento (Brasil): 18 de janeiro de 2018 (2h 11min)
Direção: Luca Guadagnino
Elenco: Armie Hammer, Timothée Chalamet, Michael
Stuhlbarg…
Gêneros: Drama; Romance
Nacionalidades: França; Itália; EUA; Brasil
Avaliação:
Avaliação:
IMDb:
8,4
Rotten:
97%
Metacritic:
93%
Filmow
(média geral): 4,3
Adoro
Cinema (adorocinema): 4,0
Kontaminantes (Matheus J. S.): 2
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