24 de maio de 2017

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Amor (2012)

Pôster


Michael Haneke, renomado cineasta austríaco (A Fita Branca, Violência Gratuita, O Sétimo Continente...), formado em filosofia e psicologia, certamente é um dos diretores mais cultuados e interessantes da atualidade. Versátil e ácido para com suas propostas, o mesmo já explorou distintos gêneros, sempre obtendo êxito ao incomodar o espectador e o instigar a reflexão tirando-o de sua zona de conforto. Com Amor não é diferente.
Embora o roteiro se baseie em uma aparente historinha bonita, o filme vai muito além e, já em sua primeira sequência, atribui ênfase a um corpo morto, o que denota o tom dramático do mesmo e característico do cineasta. Minimalista, utilizando de sequências extensas, cortes secos, trilha sonora praticamente escassa e pouquíssimos cenários de confecção modesta, o longa segue um ritmo lento, quase verborrágico, porém necessário para o desenrolar paciente da trama. Esta, que gira em torno de um casal e as complicações da terceira idade, mostra-se brilhante ao desenvolver simultaneamente o belo relacionamento de ambos e os conflitos de cada um individualmente. Ademais, a película, consoante seu caráter gradativo, ratifica os sons ambientais conforme a ausência de diálogos que se dá principalmente em passagens onde o saudosismo e as lembranças são ressaltados.
Deixando um pouco a violência de lado, Haneke foca num entrecho onde, como o próprio nome já diz, destaca-se o amor. Desta forma, ao apresentar um apaixonado casal, o filme consegue, mesmo sem a apresentação de tais segmentos, enaltecer o passado de seus protagonistas, o espectador sabe que eles detêm uma história juntos e uma vida que há muito compartilham. Ao testar os sentimentos de Georges, o longa enaltece esse amor recíproco, no entanto, de forma realista, o mesmo o humaniza da maneira mais complexa possível e pode, perante determinadas sequências que refletem o dito, impactar o público. Abordando uma situação infeliz pelas quais muitos passam, a película acomete, consoante o declínio das condições físicas e mentais de Anne, pequenos arcos acerca do tratamento para com alguém incapacitado, as fragilidades da idade e o cotidiano difícil conforme os longínquos anos de vida. Considerando o esplêndido trabalho dos protagonistas, a mesma consegue envolver o público a ponto de fazê-lo sentir todas as angústias e confrontos em tela, bem como a consentânea atuação da queridinha francesa Isabelle Huppert que exalta o elenco e confirma as belas interpretações, além de servir como personificação dos familiares que se veem divergentes e impotentes em meio as tais circunstâncias.
Premiada produção francesa, o longa, indicado a quatro Oscars (dentre elas, nomeado a principal), vencedor na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, e prestigiado com a cobiçada Palma de Ouro durante o Festival de Cannes de 2012, ainda arruma tempo para algumas curiosas simbologias e um emocionante e impressionante desfecho. Delicado, afetuoso, terno e tocante, certamente Amor pode ser considerado um dos expoentes do gênero, assim como um exemplar estudo de personagens em mais uma aula cinematográfica de Haneke.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento (Brasil): 18 de janeiro de 2013 (2h 07min)
Direção: Michael Haneke
Elenco: Jean-Louis Trintignant, Emmanuelle Riva, Isabelle Huppert…
Gênero: Drama
Nacionalidades: França, Alemanha, Áustria

Avaliação:
IMDb: 7,9
Rotten: 93%
Metacritic: 94%
Filmow (média geral): 4,2
Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 4,3/3,5
Kontaminantes (Matheus J. S.): 10
Avaliação

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