É óbvio que quando se vai assistir a um filme
indicado em míseras 14 categorias se espera algo grandioso, magistral, épico...
porém, não foi exatamente isto com o que me deparei. La La Land, um dos longas
mais comentados das últimas semanas, surpreendeu o mundo quando a lista dos
indicados ao prêmio mais cobiçado do universo cinematográfico foi anunciada,
onde constava que a película em questão havia igualado o recorde de Titanic e A
Malvada (1950), além de possuir a oportunidade de ultrapassar os três grandes: O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei; Titanic e Ben-Hur (1959). Desta forma, talvez eu, como muitas outras pessoas, tenham elevado
demais as expectativas.
Provavelmente sendo o musical de maior realce
que já assisti (e o primeiro que me recordo de ver, apesar de crer que já tenha
assistido outro), o filme se inicia com uma sequência inicial que resume bem o
que esperar do seu decorrer, passos e melodias bem coordenadas. A seguir, vemos
os protagonistas em uma situação de primeiro encontro que começa com o pé
esquerdo, porém, futuramente, acabam coincidentemente por se reencontrar, o que
logo vira amizade e romance. Consoante o relatado, já se pode observar que o
longa cai em certos clichês, mas que não acabam por pesar negativamente e nem
se destacar positivamente, simplesmente acontecem. Referente ao relacionamento
do casal, perante os conflitos pessoais e profissionais que acabam por gerar confrontos
na relação, é bem alternado entre momentos dramáticos e emocionantes, além de
explorar um namoro que, até certo ponto, foi mutuamente benéfico. Estes, os
ditos momentos dramáticos e emocionantes, geralmente acompanhados por música e
dança, tentam ser marcantes, no entanto, embora agradáveis, falham ao não conseguir
criar passagens realmente inesquecíveis, não que sejam ruins, só que não se
sobressaem (o que, teoricamente, deveria ser o ponto alto da produção). Vale
ressaltar que a película é dividida em estações, algo que, se pararmos para
refletir, podem representar os estágios da relação do casal principal.
Sendo talvez o musical mais prestigiado,
ovacionado e de maior realce do milênio (pode vir a se tornar um dos grandes
nomes da história), La La Land, apesar de não ser o que esperava, possui diversos
pontos positivos ademais de alguns já citados, dentre eles, referências que vão
desde Cantando na Chuva até basicamente uma ponte entre si e Whiplash que
abrange especificamente um personagem interpretado pelo icônico J. K. Simmons.
Enfatizo que certos aspectos do filme me recordaram exatamente o longa citado.
Aprofundando-se um pouco no mundo do jazz e do cinema, além de cômico em certos
quesitos, a película, em determinada passagem, expande sua percepção sob o rumo
que uma tal situação poderia ter tomado de forma distinta do que realmente
tomou. Este e alguns outros fatores atribuem à produção certas peculiaridades.
Agora, referente às indicações as quais foi nomeado,
deve-se ressaltar alguns aspectos que chamam atenção e não podem passar
batidos. Primeiramente, a disputa e até certo favoritismo que gira ao seu redor
na nomeação a Melhor Filme, algo que considero completamente injusto e nada condizente
com o que acompanhamos durante aproximadas 2 horas. Confesso que dentre os
outros filmes que tive o privilégio de admirar (A Chegada, A Qualquer Custo e Estrelas
Além do Tempo) que concorrem com o longa em questão na dita categoria, este se
mostra o mais fragilizado. O que pensa Hollywood?! Não quero desmerecer o
longa, mas La La Land está longe de ser tudo isto que a mídia deseja impor em nossas
mentes. Não, não é teoria da conspiração, apenas a verdade. Também não sei como
o filme conseguiu tanto realce nas principais cerimônias cinematográficas do ano,
o Globo de Ouro (onde quebrou até recorde) e BAFTA (onde foi o grande vencedor).
Relacionado à Melhor Roteiro Original, a película,
analisando todo seu conteúdo e história, não demonstra nada original e que
mereça fazê-la concorrer à estatueta nesta categoria. Já à Melhor Ator, talvez
o que valorize a indicação do Ryan Gosling seja o fato deste ter, em suas cenas
ao piano, não necessitado de dublês, ou seja, teve de treinar a habilidade durante
alguns meses. Tirando isto, em nada sua atuação se destaca. Já Emma Stone,
pode-se dizer que sua performance pedia um trabalho mais árduo, principalmente nas
cenas em que esta tem de passar por testes para ser aceita em determinados papéis
de sua carreira cinematográfica no musical. Tenho de admitir que é praticamente
impossível o Oscar lhe fugir, principalmente pelo fato desta ter vencido o
Globo de Ouro, o SAG e o BAFTA. De maneira similar, embora siga um ritmo agradável,
leve, descontraído, confortável e uma condução bem desenvolvida, igualmente não
compreendi a nomeação a Melhor Direção. Apesar de tudo, é bem provável que a produção
seja agraciada com os respectivos prêmios, quando na verdade deveria ser
lembrada apenas em categorias técnicas. Além, creio que dificilmente os Oscars
de Melhor Canção Original e Melhor Trilha Sonora lhe escapem, estatuetas que,
se conquistadas, terão sido merecidas.
Com um desfecho convincente e um tanto amargo,
é certo que o filme gera certa divergência na opinião do público amador (talvez
sejamos imensuravelmente ignorantes a ponto de não reconhecer o devido brilho
da película, quem sabe?), apesar de continuar por achá-la superestimada, algo
que não quer dizer que seja um longa ruim, muito pelo contrário, cumpre muito
bem sua proposta, mas está longe de ter algo realmente especial. Como bem disse
Aguinaldo Silva: "Se este é o melhor filme produzido este ano, então o cinema
acabou". No entanto, tenho de ratificar que discordo de vários outros aspectos
de sua controversa e polêmica declaração.
Em suma, La La Land merece ser visto sem seriedade
e comprometimento, é um bom filme, mas esquecível e está longe de ser o melhor
de 2016 e muito menos uns dos de mais destaque da história, assim como do gênero
(pelo menos prefiro pensar e acreditar nisto).
Matheus J. S.
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Avaliações:
IMDb: 8,5
Rotten: 93%
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Filmow (média geral): 4,3
Kontaminantes (Matheus J. S.): 8
Ficha Técnica Resumida (Wikipédia):
Estados Unidos
2016 • cor • 128 min |
|
Direção
|
Damien Chazelle
|
Produção
|
Fred Berger
Gary Gilbert Jordan Horowitz Marc Platt |
Roteiro
|
Damien Chazelle
|
Elenco
|
Ryan Gosling
Emma Stone John Legend Finn Wittrock Rosemarie DeWitt J.K. Simmons |
Gênero
|
Comédia dramática, musical
|
Música
|
Justin Hurwitz
|
Cinematografia
|
Linus Sandgren
|
Edição
|
Tom Cross
|
Companhia(s) produtora(s)
|
Gilbert Films
Impostor Pictures Marc Platt Productions |
Distribuição
|
Summit Entertainment
|
Lançamento
|
9 de dezembro de 2016
|
Idioma
|
Língua inglesa
|
Orçamento
|
US$ 30
millhões
|
Receita
|
US$ 268,035,667
|
Não sou muito fã do gênero musical, talvez seja algum trauma de infância quando muitos desenhos animados também tinham sua parte como musical. E esse monte de indicações chama muita atenção e suspeitas. Acho que teria que ser inventada uma categoria a parte pra esse gênero.
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